Conselho Estadual de Cultura

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19/5/2016
CARTA ABERTA DO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA

O Conselho Estadual de Cultura, consciente de seu compromisso como instrumento norteador da ação do poder público na compreensão e elaboração das políticas culturais, vem a público manifestar-se contra a fusão do Ministério da Cultura ao Ministério da Educação. Nas últimas décadas, vivenciamos um cenário de importantes conquistas na pactuação e na implementação do Sistema Nacional de Cultura. Sistema que se institui como essencial ferramenta, no âmbito nacional, estadual e municipal, na construção das políticas públicas de cultura, estabelecendo mecanismos de gestão compartilhada com os demais entes federados, os municípios e a sociedade civil.

Para pensar a cultura como direito fundamental do ser humano, mulheres e homens construíram debates nas Conferências de Cultura, nos sindicatos, nos fóruns específicos de negritude, de gênero, de orientação sexual, de liberdade de cultos e tantas particularidades que formam o caldo étnico-cultural da imensa diversidade que compõem a nação chamada Brasil. Fóruns onde foram garimpadas ideias e construídos importantes conceitos para o saber e fazer cultural de maneira mais ampla, envolvendo todos os aspectos vivenciados pelo homem como componente de tecido social. Neste contexto, a concepção de Cultura como fazer artístico redesenhou conceitos importantes, evidenciando sua aproximação com áreas como a educação, a comunicação social, o meio ambiente, turismo, tecnologia e esporte.
Entretanto, fundir a cultura à pasta da educação, como está, significa tentar conectar saberes de campos do conhecimento que não se situam numa mesma matriz de pensamento, nem no mesmo paradigma. Insistir nesta fusão será involução de um pensar e agir que demorou anos para ser aprofundado e colocado no entendimento que se tem sobre cada um deles. Um equívoco com sérias consequências nas novas gerações, acostumadas a visualizar nas mídias sociais um mundo mais globalizado, mas que devem ter em sua cultura local e/ou ancestral a referencia para se constituir como pessoas e como cidadãos.
A cultura, como política pública e de acesso universal, significa para tantas pessoas uma nova maneira de ver, descrever, problematizar, compreender, analisar e de dar sentidos ao mundo. Encarar a parceria como fusão e retirar a liberdade da ação cultural autônoma representa relegar a cultura ao lugar de apêndice, menosprezando os autores da construção deste novo saber já encastelado no coração e na mente de todos os artistas e fazedores de cultura do nosso país.
O Ministério da Cultura deverá continuar como pasta única! É o desejo de todos que acreditam numa sociedade mais justa, democrática, civilizada, diferente entre si e parecida nas oportunidades de fazer e presenciar a cultura em todas as suas dimensões.



Dael Luis Preste Rodrigues- Presidente

Adriana Donato dos Reis- Vice- Presidente

Maria Silveira Marques -Secretária

Marco Aurélio Alves- Assessor



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