Confira na íntegra o artigo escrito pelo conselheiro Antônio Carlos Côrtes, publicado na edição do dia 07/11/2018 do Jornal Correio do Povo:
De todos os instrumentos do homem, o mais impressionante é, sem dúvida, o livro. Os outros são extensões de seu corpo. Os microscópios, o telescópio, são da visão; o telefone, da voz, então temos o arado e a espada, extensões do braço. Mas o livro é uma extensão da memória e da imaginação (Jorge Luís Borges).
Neste último dia 5 de novembro, quando o saudoso guerreiro da cultura Carlos Alberto Barcellos-Roxo estaria completando 77 anos, também foi data do Dia Nacional da Cultura. Porto Alegre tem orgulho da sua Feira do Livro. Pois ouvi do atual ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que o Plano Nacional de Cultura não está regulamentado. A cultura não pode ser ornamento do poder e da elite, pois essência da vida humana. Ademais presentes nos aspectos importantes na produção e consumo cultural medem o que concerne aos reflexos e impactos na economia por meio de metodologia de cálculo do chamado Produto Interno Bruto-PIB. Desabrocha a importância dessa indústria na geração de emprego e rendas na inclusão dos investimentos.
A possível fusão do ministério da Cultura e da Educação, sob manto deste último é dar ré no processo dos avanços até aqui conquistados. Cultura é alimento da alma e não pode ficar à mercê da vontade de governos. É questão de Estado. É necessário cada vez mais que o Estado brasileiro firme políticas proativas, administrando, financiando e fiscalizando com rigor as estruturas que levam cultura ao povo. O Rio Amazonas não teria a força e o poder que tem no volume de suas águas não fossem seus afluentes. Triste os governos que, em momentos de crises, fecham a torneira de recursos para a cultura. Parece que todos os problemas de má gestão dos governos, possuem um único bode expiatório: Cultura. Ora, isto mostra visão acanhada do gestor.
Brecht ensinou: Se você não entretém o público, não consegue passar nenhuma mensagem social, política, o quer que seja. Assim dialoga em consonância com o pensamento de Borges aí no alto que ganha relevo em bronze de profunda reflexão.
Mas não é só isso, atividade cultural ensina o povo a pensar, refletir e agir com serenidade. Harmonia de uma orquestra objetiva que todos os instrumentos busquem sonoridade coletiva. Infelizmente o país nunca teve política cultural verdadeira. Implodir o ministério da Cultura, que tem apenas a menor dotação orçamentária, 0,6% é refletir pequeno demais colocando a corda no pescoço de Tiradentes para depois esquartejar o Carnaval, literatura, teatro, circo, dança, orquestras, cinema, patrimônio histórico, pinacotecas e tudo mais que tem brilho. Lições que reconhecem a importância do Ministério da Cultura para o país existem a basto.
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