Conselho Estadual de Cultura

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18/1/2019
Manifestação pela preservação do Antigo Complexo Industrial Polar de Estrela/RS



O Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, no exercício de suas atribuições, vem manifestar-se a respeito do risco de demolição de parte do antigo complexo industrial da Cervejaria Polar, no Município de Estrela (RS).

Recentemente foi aprovada naquele Município a Lei nº 7.127/2018, autorizando a doação de parte da antiga Cervejaria com destinação específica para a construção do novo Fórum da Comarca de Estrela. Para viabilizar este novo prédio, será demolido um dos blocos de alvenaria do conjunto. Esta cessão desconsidera os valores culturais inerentes ao sítio em questão e a possibilidade de reabilitação e aproveitamento da edificação pré-existente.
Cumpre inicialmente destacar a relevância do complexo para a identidade do Município de Estrela. Situa-se nas proximidades do antigo Porto de Estrela, no Rio Taquari, antigoacesso fluvial da cidade erecentemente revitalizado. A partir deste local, onde duas esculturas representam simbolicamente a “Indústria” e o “Comércio”, já é possível visualizar o grande conjunto fabril da Polar, representativo do processo de industrialização das antigas colônias alemãs. Trata-se, por excelência, de um lugar relevante para a produção cervejeira e para a memória industrial de todo o Estado do Rio Grande do Sul.
A presença do antigo complexo fabril na paisagem urbana assegura a manutenção da identidade do Município e o convívio diário dos cidadãos com um espaço de memória das gerações passadas, marcadas pelo trabalho e pelo ritmo da antiga indústria.A permanência da antiga Fábrica da Polar como espaço público, absorvendo novos usos que assegurem sua sustentabilidade, é uma demanda notória por parte da própria comunidade estrelense. A Fábrica fez, faz e deve seguir fazendo parte do imaginário local, integrando o patrimônio cultural do Estado do Rio Grande do Sul.

Os valores do complexo enquanto Patrimônio Cultural não residem especificamente em seu eventual mérito arquitetônico, posto que pelas características do patrimônio industrial, recebeu sucessivas reformas e ampliações. O conjunto arquitetônico, não obstante, pode ser considerado portador de expressiva carga simbólica, representando valores históricos, tecnológicos e sociais. É, sem nenhuma dúvida, um sítio merecedor de proteção e tutela legal através de tombamento de reabilitação de uso. As obras de recuperação poderiam ser viabilizadas com recursos oriundos de renúncia fiscal, através de patrocínio cultural, viaSistema Pro Cultura RS LIC.

A possibilidade de destruição, ainda que parcial, deste complexo fabril, prejudicaria de forma irreversível a paisagem urbana de Estrela. Deixaria uma dramática lacuna na memória industrial do Estado do Rio Grande do Sul, consistindo em uma perda irrevogável para o patrimônio cultural gaúcho. Apelamos ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, para que recuse a possibilidade de endossar esta ação destruidora da memória de nosso Estado.

O CEC RS endossa, também, a manifestação recebida da comunidade cultural de Estrelapela preservação e reabilitação deste conjunto em sua integridade, reforçando a importância do envolvimento da comunidade local, já expressado através de abraço coletivo promovido no complexo.

Porto Alegre, 15 de janeiro de 2019



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