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22/7/2010
A FÁBRICA DE DISCOS DA CASA ELÉCTRICA (SIC) AGONIZA

E o que ainda resta, nesta irremediável e irreversível marcha de completa ruína, daqui a pouco estará por terra para nunca mais ser visto. Por isso, clama por providências imediatas. Sim, o prédio sob número 220 da Rua Sergipe, entre os bairros Glória e Teresópolis, zona sul de P. Alegre, está lá para quem quiser ver, qual muda e indefesa testemunha de um passado que merece ser preservado. E cada vez menos lembra o sonho e empreendimento de um pioneiro e sonhador.

Foi ali que Savério Leonetti, – um imigrante italiano – fabricava, e depois vendia, os discos com o Selo Gaúcho durante mais de uma década do início do século vinte. Foi ali que funcionou a segunda fábrica de discos da América Latina - a primeira foi no Rio de Janeiro - constituindo ícone e referencial histórico da fonografia mundial.

Mas parece que esse passado ficou esquecido – ou no mínimo relegado a planos secundários - pelos sucessivos governantes de Porto Alegre. Seria desconhecimento ou falta de decisiva vontade política?

Por fora, ainda é possível identificar seu estilo eclético em sua arquitetura, exemplar de construção de residências-chácara na virada do século dezenove e vinte, com características de chalet e algumas tendências neobarrocas na ornamentação da fachada frontal. É feito de alvenaria estruturada com ferro, tendo sido utilizados trilhos de trem, cobertura em duas águas com telha francesa. Ainda é possível perceber o que resta da ornamentação da fachada frontal do prédio, feita com elementos confeccionados em gesso e alusivos à atividade da fábrica de discos: uma lira coroada por guirlanda na forma de ferradura com as pontas de cabeças de cobra e a cada lado da lira a impressão de um disco.

O prédio, após extenso abaixo-assinado de iniciativa da classe artística porto-alegrense dirigido ao Município na década de 90 do século passado, está tombado desde 27 de dezembro de 1996. Mas está com acesso interno impossibilitado, uma vez que o terreno em que está construído é particular e é parte de morosa pendenga judicial de passivo trabalhista.

Em passado não muito remoto havia sido destinado à sede do Museu de Imagem e Som de P. Alegre. Mas seu idealizador e prometido primeiro diretor, o músico e pesquisador e maestro Hardy Vedana, também não pôde ver seu sonho tornar-se realidade porque faleceu antes. Será que as gerações vindouras perdoarão a atual se o que resta daquele monumento vir também a literalmente tombar definitivamente?


Conselheiro Adriano José Eli



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