Conselho Estadual de Cultura

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13/10/2010
A LUZ E A BELEZA DO PAMPA

Walter Galvani

É preciso que se faça alguma coisa, e, nesse sentido, “Netto e o domador de cavalos” entra com uma preciosa contribuição: preservar a beleza, a pureza e a força da paisagem do Pampa, que sem saltar sobre as cercas e muros que, aliás, não existiam, nos deixam atados ao céu, ao campo, rios, coxilhas, os girassóis e os ventos, emudecidos diante da claridade e da vastidão, do galope dos cavalos e da brutalidade dos homens.
É isso que se pode ver e ler nas lentas imagens que desfilam com brilho e precisão, provocando uma catarse histórica nos espectadores nesse filme que faz uma releitura do “Negrinho do Pastoreio”, a nossa lenda. No caso dos porto-alegrenses, além de tudo, uma hipnose múltipla porque podem ver na tela, seus vizinhos de bairro ou seus conhecidos da Rua da Praia, como Milton Flores da Cunha Mattos, Ivette Brandalise, Lu Adams, Werner Schünemann, Fernanda Carvalho Leite e Zé Victor Castiel. Claro, e há a inteligência do diretor Tabajara Ruas por detrás de tudo.
Mas, no caso dos membros do Conselho Estadual de Cultura, a experiência é ainda mais enriquecedora, porque se sabe, pela informação que o filme estampa e até pelos créditos, que um dos integrantes desta nossa instituição, está brilhando por detrás das câmaras com sua sensibilidade, bom gosto e capacidade técnica: não há nada de melhor neste filme do que a fotografia de Ivo Czamanski.
Sentimos, ao verem deslizar suas cenas, de começo ao fim, a lembrança de um nome de tanto significado na história do cinema, quanto do fotógrafo Gabriel Figueroa, e até pelos valores defendidos no filme, também a direção se aproxima, especialmente no ritmo e na inspiração nos costumes das camadas mais populares ou discriminadas, da direção de Emilio Fernandez, completando-se assim a lembrança da dupla que marcou o cinema mexicano das décadas de quarenta a setenta do século passado.
Ver o “Netto e o domador de cavalos” foi uma experiência que nos traz de lá dos recantos mais distantes da memória e da vida, as velhas matinês dos cines Imperial e Central ou Rex.
E assim, foi o mesmo que rever trechos de “Rio Escondido”, “La Perla”, “Los olvidados”, “Flor Silvestre”, “Maria Candelária”. Ou indo mais longe, atrás da obra de Gabriel Figueroa, o gigante da fotografia, que nos brindou com tantos momentos emocionantemente inesquecíveis, os perfis dos velhos templos e modernas catedrais, os “rios escondidos” ou os desertos e também os mares mexicanos. Ele foi adiante, nos Estados Unidos esteve também, e só para lembrar em “A noite do iguana”, dirigido por John Huston ou “O fugitivo”, do grande John Ford.
O céu, o pampa, o perfil dos cavalos, as nuvens, o pôr-do-sol, a hierática solenidade dos personagens, do bem e do mal, tudo está ali, retratado pelas mãos, os olhos e o coração do Ivo Czamanski.
Ele poderia ganhar um “Oscar” por este filme, pela lembrança de Gabriel Figueroa ou até em homenagem também a Emílio Fernandez que, curiosidade, apesar de não ter deixado seu nome grudado à estatueta, foi, em verdade o modelo da escultura criada por Sir Cedric Gibbons para premiar os melhores do cinema. A versão mais corrente para o nome do prêmio é a que se atribui à Margareth Herrick, secretária da Academia que, ao ver a estatueta exclamou: “Parece meu tio Oscar!”
Receba, pois, Ivo Czamanski, o nosso Prêmio “Gabriel Figueroa” pela sua fantástica criação de imagens que sustenta o filme.



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